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Inglês no Supermercado – Vocabulário, gramática, cultura e dicas

Palavras inglesas em embalagens e rótulos são usadas para ampliar vocabulário, melhorar pronúncia e expandir cultura geral.

 
 
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Curiosidades e dicas do inglês escrito: ortografia irregular e esquemas previsíveis

Inglês no Supermercado - Vocabulário, gramática, cultura e dicas Publicado em por John D. Godinho

David Crystal, no livro The English Language, comenta que a língua inglesa tem apenas cerca de 400 casos de ortografia irregular e que 84 por cento das palavras se encaixam num esquema bastante previsível. Ele dá alguns exemplos: purse/nurse/curse (carteira/enfermeira/maldição); patch/catch/latch (remendo/agarrar/trinco). De acordo com aquele linguista, somente três por cento das palavras em inglês são escritas de forma totalmente inesperada e imprevisível. Mas, infelizmente, e admitindo que sua observação está correta, ele não avisa que essas palavras são as mais comuns e que, muitas vezes, levam o estudante à beira de um ataque de nervos. Como exemplos, temos bury, busy e colonel, com as pronúncias estapafúrdias de /bérry/, /bêzi/ e /kêrnel/, como veremos mais adiante. E há quem diga que algo aconteceu entre as palavras four e forty, uma vez que a primeira claramente tem um U que sumiu com o passar dos números ao atingir quarenta. Na realidade existe uma pequena diferença na pronúncia das duas palavras o que, de certa forma, explica a ausência do U em forty.

Muitas vezes é possível dar uma meia-explicação para as incongruências do inglês. Um bom exemplo é a palavra ache (dor, doer). Hoje pronuncia-se /eike/, quer seja empregada como substantivo, quer como verbo. Mas nem sempre foi assim. Na época de Shakespeare ache pronunciava-se /eitch/ quando usada como substantivo e /eike/ quando era verbo. Antigamente, essa indecisão entre o som de CH e K era bastante comum. É por isso que ainda hoje temos duplas como speech (fala, discurso)/speak (falar, discursar) e stench (fedor)/stink (cheirar mal), em que o CH indica o substantivo e o K o verbo. Como diria Shakespeare, “havia um método na loucura”. Mas a palavra ache de hoje resolveu embaralhar tudo e adotou a grafia do substantivo e a pronúncia do verbo. O inglês tem dessas coisas. Paciência.

O mesmo desatino se repete na palavra colonel, que vem do francês coronnel, que já é um derivativo do italiano colonello. Quando ela foi incorporada à língua inglesa, em meados do século XVI, escrevia-se com um R, como em francês, mas aos poucos a grafia e pronúncia italianas começaram a se intrometer. Democraticamente, durante mais de um século, os ingleses usaram as duas versões, até que finalmente as duas se fundiram, como que numa tentativa de agradar a gregos e troianos. Resultado – a palavra colonel hoje tem o L do italiano pronunciado como se fosse o R do francês (lê-se /kêrnel/).

Muitos tentam atribuir essa confusão à ausência de uma autoridade central que pusesse ordem no caos reinante na língua inglesa após a Conquista Normanda. Durante mais de três séculos, os dialetos correram soltos, se reproduziram e multiplicaram. O francês dos normandos acabou sendo substituido pelo inglês, mas a anarquia continuou com o abandono de sempre, refletindo a total indiferença dos ingleses quanto a questões de coerência na ortografia. Às vezes as pessoas usavam a grafia de uma região e a pronúncia de outra. É por isso que as palavras busy (ocupado) e bury (enterrar) são escritas de acordo com o dialeto da região ocidental da Inglaterra, enquanto a pronúncia da primeira é /bêzi/, típica da região de Londres, e a da segunda é /berry/, proveniente de Kent.

As grafias de “where” e “Shakespeare” no passado

E o que dizer do tratamento dado a uma palavra tão comezinha como where? A displicência era tanta que o som referente a esse vocábulo foi registrado num sem-número de formas: wher, whair, wair, wheare, were, whear etc. A grafia de uma palavra dependia do capricho momentâneo do escritor. Para ilustrar o problema, Bill Bryson, em The Mother Tongue, descreve a surpreendente inconstância com relação ao nome de Shakespeare. Existem mais de oitenta formas de soletrar o nome do poeta – entre elas Shagspeare, Shakspere, e até mesmo Shakestaffe.

ortografia, inglês, os sobrenomes do escritor william shakespeare

William Shakespeare

O próprio Shakespeare, leal à sua condição de poeta, era dado a devaneios, especialmente quando se tratava de seu nome. Das seis assinaturas do próprio punho que existem hoje, nenhuma delas é repetida. O descaso típico da época era tanto que, sem o menor pudor, ele assinou o seu testamento de duas formas diferentes. Num lugar, ele assinou Shakspere e noutro Shakspeare. Curiosamente, a grafia do nome pelo qual ele é conhecido em todo o mundo, Shakespeare, parece que nunca foi usada por ele.

Nota do Autor: Outros aspectos do inglês escrito serão abordados em artigos futuros.

Capa do livro Once Upon a Time um Inglês do autor John D. Godinho

O texto acima faz parte do livro Once Upon a Time um Inglês… A história, os truques e os tiques do idioma mais falado do planeta escrito por John D. Godinho. Adquira essa obra nos seguintes endereços:
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Leia também:
A origem da Received Pronunciation
Influência normanda na ortografia inglesa
Confusão gerada entre a pronúncia e a escrita inglesa

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